segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Porquê da Abstenção.



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1 comentário:

Anónimo disse...

A abstenção

Mais uma vez a abstenção num acto eleitoral veio mostrar a "desafectação" de centenas de milhar de portugueses à forma como o sistema politico-partidário está construído em Portugal. Embora as estatisticas não o digam - não o podem dizer, mas os analistas também não o querem fazer, esclarecendo, de forma científica, as razões para abstenções desta ordem - todos nós sabemos que muita desta abstenção tem a ver com uma forma de protesto pela maneira como a classe politica e partidária no seu conjunto se apoderou do sistema público e administrativo, deixando para a cidadania apenas os restos mal mastigados dos repastos em que é tão pródiga. Todos eles. Todos os que comem na manjedoura do poder sabem isto: o não voto, a abstenção é uma forma de os penalizar e dizer: nada temos a ver convosco e com os vossos pequenos e grandes jogos de poder. E a análise destas eleições europeias, feita por comentadores de todos os quadrantes políticos, foi bem clara nesse ponto: nem um quis pôr o dedo na ferida e todos andaram à volta de justificações como o desinteresse que a Europa provoca aos cidadãos, das muitas solicitações que os eleitores têm numa semana de vários feriados, no desinteresse pela coisa politica, pelo comodismo... etc., etc., procurando ocultar o que todos - desde que tenham um mínimo de boa fé e dois dedos na testa já perceberam -: o não voto é, acima de tudo, um voto forte de protesto, com valor politico e uma leitura política. E, neste caso, como os números comprovam, para além de ser um voto de protesto no sistema politico-partidário com que nos querem asfixiar foi também um voto de protesto no PS (o partido mais penalizado com a abstenção), pela sua actuação enquanto governo. Por isso, estiveram duplamente errados os que fizeram combate contra o não voto, dizendo que ele iria favorecer o PS. Não só foi contra o PS, como foi contra todos os outros partidos que, apesar de dizerem mal uns dos outros e que quando estão na oposição dizem uma coisa e quando estão no poder dizem outra, são uma e a outra face da mesma moeda. A de um sistema autoritário, construido de cima para baixo, onde o poder politico e económico se dão as mãos subordinando a esmagadora maioria dos cidadãos ao seu jugo. E ontem fomos uma maioria a não ir votar, ou seja, a não legitimar através do voto um sistema que nos explora e nos oprime. Por isso, estamos de parabéns.

Elias Matias (Évora)